quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Da Casa Pequena ou Do Cubículo

Pingue-pongue
Bate no quarto,
Na sala, no chuveiro,
No armário
Por todos os lados

Aqui uma televisão grita
Acolá se pede silêncio
Aqui acolá
Aqui acolá, não tem dois passos

De repente é o liqüidificador
Que quer falar mais alto
O grito de gol não deixa barato
Acompanhado de brados e urros
Que a ele se unem desvairados

Os livros, mudos que são,
Ninguém neles presta atenção
Tem tanto a falar
Mas conseguem a ninguém obrigar

Da sua vontade
Ninguém abre mão
Eu quero falar,
Eu quero dormir
Sai daí já!

E assim a bolinha
Bate pra cá, bate pra lá
Em constante rotação
Enquanto as letras choram
com tamanha desconsideração




Vitrola: Casa Pré-fabricada

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Do Amor Descorrespondido

O pranto do amor
Aperta o coração
Faz-nos sentir sem chão
Metamorfose do horror?

Não, o sofrimento do apaixonado
Não é como a dor do pé quebrado
Importuna, esta só quer machucar
Fazendo com que só desejemos dela se livrar

A lástima do sentimento
É a dor da felicidade
Carregada das lembranças de contentamento
E dos sonhos da posteridade

Alma tocada
No mais fundo do ego
Acolhe preocupada
O amor em nó cego

Levando-o junto na solidão
Transformando o sonho em realidade
De um casal feliz na escuridão
Da apaixonada vontade

De viver o amor interrompido,
A felicidade certeira e distante
Do céu colorido
E do olhar brilhante

O amor descorrespondido
Oferece alegria em meio a tepidez
A saudade do não acontecido
O estado de graça na realidade da sordidez

Enquanto o coração chora
A alma se enamora,
Mesmo na solidão
Se vive uma paixão



Vitrola: Você não me ensinou a te esquecer