sexta-feira, 20 de março de 2009

Da Visão do Dia

Aquele momento, o mais feliz do dia, por ser o mais belo. Enche os olhos, preenche a alma de contentamento. Que sonho o se entregar singelo ao horizonte que se impõe tão terno. Contorce-se o pescoço para que o efêmero não se esvaia. Que seja eterno. O sol bate na água, aquece a pele, encanta a alma, assaz veloz. Seria uma ilusão de ótica? É o sol, as árvores, o rio, as nuvens e o vento. A natureza aprontando, paisagem hipnótica. Leva o pensamento, desfigura o hostil, uma vida colorida por inventos. Um segundo de contemplação e já tenho suficientes gravuras e colagens; da felicidade, as imagens. O resto é vontade.
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Vitrola: Albert Hammond

terça-feira, 17 de março de 2009

Floriano Cambará

Dizem que o último post tá muito depressivo,
mas não tenho novos escritos pra atualizar,

tenho impressão de que eu deveria me preocupar com a minha preguiça.
(3 minutos depois)
na realidade, acho que o mais estratégico seria parar de me preocupar.
Não sei qual é o mais difícil...

Vai uma citação então - pra não ficar tão inútil - para o personagem masculino com quem mais me identifico, pelo seu encanto de ter a alma feminina.

(Procurando...)

Eis o Tio Bicho:
" - Presta bem atenção. Suponhamos que a vida é um touro que todos temos de enfrentar. Como procederias, por exemplo, o teu avô Licurgo Cambará, homem prático e despido de fantasia? Montaria a cavalo e, com auxílio de um peão, simplesmente trataria de laçar o animal. Agora, qual é a atitude de seu neto Floriano Cambará? Tu saltas para a frente do touro com uma capa vermelha e começas a provocá-lo. De vez em quando fincas no lombo do bicho umas farpas coloridas... Mas quando o touro investe, tu te atemorizas, foges, trepas na cerca e de lá continuas a manejar a capa, para dar aos outros e a ti mesmo a impressão de ainda estar na luta... É uma atitude esquizofrênica, com grande conteúdo de fantasia. Certo? Bom [...] o que dá a um romance a sua grandeza não é nem o seu conteúdo de verdade cotidiana nem o seu tempero de fantasia, mas o momento supremo em que o autor agarra o touro pelas aspas e derruba o bicho. Se queres um exemplo de romancista que primeiro faz verônicas audaciosas e depois agarra o animal a unha, eu te citarei Dostoiévski. E se me vieres com a alegação de que o homem era um psicopata, eu te darei então Tolstoi. E se ainda achares que o velho também não era lá muito bom da bola, te direi que um homem realmente são de espírito não tem necessidade de escrever romances [...] O que te falta como romancista, e também como homem, é agarrar o touro a unha..."
Floriano Cambará.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Misperceptions

"There's a club, if you'd like to go
You could meet somebody who really loves you
So you go, and you stand on your own
And you leave on your own
And you go home, and you cry
And you want to die"
(Smiths)

domingo, 1 de março de 2009

In love we trust

O mistério, a grande dúvida: Deus existe? Quem é Deus? Os céticos exigem provas concretas, os fervorosos o veem por toda a parte. Diversas religiões têm sua própria ideia da representatividade de Deus e ditam as maneiras de reverenciá-lo e alcançá-lo. Os racionais diriam que não há como comprovar a presença divina.

Analisando de perto o amor e o quão grandioso se faz esse sentimento que cai do céu: o feitiço que se lança sem explicação e leva as pessoas a olhar a sua volta, estima gratuita, união; concluí que Deus só podia ali estar. Afinal, espírito de comunhão, doação, compreensão, solidariedade, generosidade são aspectos que combinam tanto com o amor quanto com Deus. É tão mais fácil perdoarmos os erros, darmos uma nova chance, acreditarmos na capacidade de reparação de quem estimamos. Queremos-lhes bem.

Ninguém vive feliz sem amar e se sentir amado. Pode-se viver na miséria financeira, mesmo assim haverá sorrisos em faces cujos olhos possuem correspondência. De outro lado, olhos esperançosos traduzem uma alma fervorosa, que crê no amor, logo, em Deus. Não há qualquer fórmula da Física que tenha mensurado e descoberto quais as variáveis que moldam o amor. Ninguém explicou de onde surge a grandiosidade do amor materno, o maior do mundo, aquele que (quase) sempre estende a mão e procura compreender, ajudar um filho criminoso. E quem desvenda de onde brota uma paixão? De repente, queremos nos unir, viver juntos – porque assim cada um ajuda o outro a viver – e formar novos entes, herdeiros do bem-querer.

Ao longo dos tempos, seguimos multiplicando famílias, círculos de amizade, paixões, reproduzindo a espécie cujo cerne da existência é amar; é divino. Afinal, quem não deseja ser feliz?




Vritola: Horizonte Distante.