domingo, 12 de julho de 2009

Do Astro Rei


Um pouco tarde pra falar da morte. Talvez não. Nunca será tarde para trazer à tona o eterno rei da música, o fenômeno da música pop.

Michael é uma incógnita para todos nós. É extremamente triste pensar que o maior astro da música pop, amado por milhões de pessoas ao redor do globo, era uma pessoa infeliz. O complexo com a aparência o transformou em uma pessoa completamente estranha à que fora durante sua infância. Colocando as imagens uma ao lado da outra, desinformados diriam que não se trata da mesma pessoa. Mas será mesmo que Michael se transformou em outra pessoa ao longo de sua bem-sucedida carreira musical?


Podemos notar que o sorriso, a alegria em cantar e dançar é da mesma sinceridade, tanto no Jackson criança quanto no adulto. Michael sempre pareceu à vontade e feliz diante das câmeras e dos espectadores. A forma como interpretava a música com seus passos de dança perceptivelmente apontam para a evolução que se seguiu da criança para o adulto.

Michael mudou a cor de sua pele, a fisionomia de seu rosto, mas é inegável sua alma de estrela proveniente do subúrbio. O ritmo e o swing característicos dos aglomerados de famílias negras dos guetos estadunidenses estiveram presente em toda a sua carreira, sendo o que fez com que o mundo caísse a seus pés; o que deu vida a um novo gênio musical, potencializando a música pop; e o que contribuiu para o crescimento da indústria de entretenimento, diminuindo as distâncias para a difusão da cultura por todo o globo.
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Quando relaciona-se a transformação física de Michael com a percepção de que segue-se a manutenção de uma divisão racista da sociedade: pobre, portanto negro; rico, portanto branco, Michael expõe a sua grandiosidade ao grava um videoclipe no Brasil acompanhado do Olodum: uma massa de instrumentistas negros que o circundam, como se fosse um Jackson 5 ampliado. Michael mostra em sua música a fragilidade de pessoas pobres, que vivem em condições parcas e, em vez de mostrar a imagem de sua vitória por sobre a situação daquelas pessoas, parecida com a de sua infância, o astro-rei se coloca no mesmo conjunto delas: they don’t care about US (eles não ligam pra gente). Mesmo branco e rico, Michael nunca negou suas origens, pois sabia que seu talento vinha de onde ele veio. Pensar na indiferença com que pobres e negros são tratados certamente não ela algo difícil para ele. Apontar para esse fato lamentável das sociedades é sinal da preocupação e da generosidade de Michael Jackson, que, tendo vencido, se importava com que as outras crianças também se salvassem da pobreza e da indiferença.

Por isso, além do seu talento inato que derrubou barreiras com seu carisma, Michael Jackson também é rei pela humanidade que trazia em sua alma. É realmente lamentável pensar que tamanha estrela tenha passado seus últimos anos no ostracismo, quando trouxe tantas alegrias ao mundo. Prefiro ficar com as imagens de seu sorriso no placo, tradutor de uma alma cativante, que o tornaram único e inesquecível.

Vitrola: They don't care about us.


Um comentário:

Tiago Medina disse...

o problema que derrubou Michael foi justamente seu trabalho.
Impossível uma pessoa de 50 anos ser normal tendo 45 de carreira...
É uma superexposição demasiada.