quarta-feira, 8 de julho de 2009

Sept

Há sete ímpetos proibidos de se deixarem extravasar pela igreja. Os famosos sete pecados capitais. Inquietante é o fato de eles serem equivalentes em termos de pena. Sinceramente, não vejo como comer demais possa ser tão ruim quanto menosprezar a existência alheia, por exemplo. Além disso, a soberba é, de alguma forma, inerente de certos seres e a gula é compartilhada pela quase totalidade dos seres humanos. [ocidentalismo detected].

Por isso, questiono essa lei da igreja. Preguiça, gula e luxúria são supostas faltas que todos cometem e que não causa muitos danos à sociedade. Tudo bem que as leis da igreja foram formuladas há séculos e que a preguiça poderia atravancar o desenvolvimento cultural e intelectual da humanidade. Mas, atualmente, parece que a preguiça virou a exceção da vida das pessoas. Nesses termos, tendo em vista aproveitar um pouco a vida, sentir-se vivo, acho que um momento de preguiça é indispensável, afinal o ânimo e a boa vontade são por ela renovados, assim como a disposição para o trabalho.

Bem, a gula é algo impossível de combater por quem vive em ambientes gélidos, como eu. Além disso, como comemorar grandes conquistas sem um ótimo banquete? Pessoas felizes de seus feitos comem vigorosamente e convidam outras para compartilhar tal prazer; que mal há nisso? Cada um tem as informações necessárias para saber o que faz bem a sua saúde. E não venha com a história de que pessoas estão morrendo de fome. Certamente elas estão, e cada vez mais, infelizmente. Mas a comida que deixares de comer não entrará automaticamente na cesta de bens das famílias miseráveis, certo? Não faltam alimentos no mundo para que todos possam se entupir de comida, podemos fazer doações e ao mesmo tempo vivermos na fartura. A gula, portanto, não afeta ninguém.

Já a soberba é coisa de gente malvada, que por seus atos diminui a importância da vivência alheia. Seu prazer é menosprezar ou desprezar os outros, o que não incentiva o desenvolvimento coletivo da humanidade, pelo contrário. Sem mutualismo todos perdem um pouco e o arrogante ainda se torna infeliz, por afastar possíveis amigos. É um pecado desagregador, vil. Bleh.

Avareza é o que menos identifico em minhas observações, mas é igualmente egoísta, desagregador e desumano. O que sobra de nós cheios de bens materiais e sem calor humano? Reprovado.

A inveja é algo que todos nós sentimos pelo menos um pouquinho em determinado momento. Querer mal a outra pessoa por que esta possui aquilo que não temos é um erro. Não soluciona o problema do invejoso e cria outro – promover o mal a outrem. Não é uma boa linha de raciocínio a seguir.

Ira, colocaria no meio da balança. Claro que não é bom desejar o mal aos outros, como no caso da inveja. Ter vontade de xingar, violentar, enfim, perder a diplomacia, partir para a irracionalidade. Mas, ainda assim, é uma forma de expressar certa inquietação por uma pessoa e dar-lhe relevância. Pior que tudo mesmo é a indiferença. O ódio aparece quando o amor está mal resolvido, é coisa do coração e, portanto, nem tão mal assim, apenas passível de reparação.

Por fim, a luxúria é como os “pecados do bem”. Como a gula e a preguiça e, mesmo que a igreja negue, é um meio de a humanidade sentir prazer na vida e, ainda, perpetuar a espécie e criar o amor familiar. Talvez por isso que Deus [ou seja lá qual for a força cósmica que rege o universo] tenha criado tal atração sedutora.

Sendo assim, acho que nada é mais recomendável à vivência da humanidade que boas doses de preguiça, gula e luxúria [e atire agora quem sinceramente discorda!] De que mais precisamos para nos sentirmos felizes?


Vitrola: You know i'm no good.

Um comentário:

Bruna disse...

ain, adorei! mesmo já tendo conversado sobre o assunto! hehe

e quer saber, também acho! hm.